O luto por nossos animais de estimação infelizmente ainda é um sentimento pouco reconhecido. Chorar e lamentar por nossos entes queridos, é um sentimento válido e esperado pela sociedade. Quando alguém de nossa família morre ou de nossas relações, espera-se que a tristeza seja demonstrada e externada. Agora se temos um animalzinho de estimação que fez parte de nosso convívio diário, quando ele “morre” muitas pessoas não reconhecem nossa tristeza como uma tristeza válida.
Não há um preparo para a morte de nossos “pets”. Simplesmente eles morrem e não sabemos o que fazer com eles. Meu gato Bóris morreu de uma doença inesperada. Ele nos deixou , de repente, sem aviso prévio . A doença que ele teve chama-se PIF (Peritonite Infecciosa Felina). É uma doença viral de gatos que ocorre em todo o mundo e é quase sempre uma doença incurável e fatal e o gato fica com pouco tempo de vida.
Quando uma pessoa morre, existem velórios, enterros, cremações, reunião de familiares e amigos. Fazemos um rito de passagem para dar um significado para aquela morte. Porém, quando é um animal de estimação que morre temos que lidar com a triste e a dura realidade sem rito nenhum. Acabou e pronto.
A sociedade nos condicionou a sentirmos vergonha dessas emoções. No entanto , é bom que saber que o Brasil é atualmente o terceiro maior mercado do mundo em faturamento no setor pet. Fica atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet).
Então, com um mercado desta dimensão não era para estarmos mais do que justificados quando sentimos um imenso vazio ao perder uma companhia de um amigo peludo?
Ontem fez três meses que meu gato Bóris morreu. Eu perdi meu chão. Seu tempo comigo ao meu lado foi de apenas 3 anos. Porém, foi um tempo tão intenso, que hoje eu entendo o porque que ele viveu apenas 3 anos. A conexão que experimentei com o Bóris, acredito que não vou experimentar com nenhum outro gatinho. Sofri muito porque me permiti amá-lo. Nada será como foi com ele, porque seu amor e sua lealdade foi como um bálsamo para todos os meus dias.
Infelizmente, o ciclo de vida dele foi muito menor do que todos os outros animaizinhos que já tive. Perder o Bóris me gerou um grande impacto emocional, a ponto de não conseguir falar sobre ele com muitas outras pessoas. Elas achavam estranho que eu chorasse desconsoladamente por um “gato”. Afinal, era só um “gato”.
Aqueles que amam os animais sabem que não existe uma dor maior do que a de perdê-los. Os cães e os gatos passam muitos anos ao nosso lado para que a morte deles nos seja indolor. Só o ato de pensarmos que algum dia eles morrerão, nos dá um nó na garganta. Entretanto, temos que levar em conta que cedo ou tarde isso acontecerá e que é preciso que estejamos preparados.
Há um estudo da Universidade do Havaí que diz que a dor provocada pela morte de nosso animal de estimação não é só intensa e profunda, mas como também dura muito tempo. Uma em cada pessoa consultadas disseram que sofreram pelo menos durante seis meses depois da perda.
A dor de perder meu gato Boris foi devastadora. Vivi meu luto, vivi minha dor e hoje tenho as boas lembranças que o Bóris deixou. E a certeza de seu amor incondicional que só ele, aquele peludo preto e branco de nariz cor de rosa soube me deixar. Domingo, dia 18 recebemos um novo gatinho aqui em casa. Um gato da raça “exótico” (assim como o Bóris).
Este novo gatinho não veio para substituí-lo, porque cada um é único e cada um tem sua missão e seu jeitinho especial de ser. O novo gatinho foi batizado de King. Estamos felizes e com o passar do tempo, amaremos o King e ele com seu instinto felino nos dará seu amor de gato como eles sabem dar. É uma troca desinteressada. Os animais de estimação são uma parte importante de nossas vidas e espero que o King seja tão feliz quanto o Bóris foi. Releia este post que escrevi: 7 Motivos Porque os Gatos Fazem Bem à Saúde
Você já lidou com o luto com seus animais de estimação. Como foi este acontecimento em sua vida? E com sua família? Como ela reagiu? E seus amigos ? Conte nos comentários!
Grande beijo!
10 comentários
DENISE EGITO
Oi, Janeisa
Ainda não passei por isso, mas imagino que perder um bichinho de estimação de repente seja bem doloroso. Tomara que o King lhe dê tantas alegrias como o Bóris te deu! Boa sorte.
Bjs
Janeisa Tomás
Oi Denise, obrigada pela solidariedade. Pois é querida, não é fácil, mas a vida tem que seguir e ter outro gatinho é a única forma de amenizar este sofrimento. Tomara sim que o King seja feliz e nos faça felizes. Beijos querida!
Vera Lúcia Pires
Perdi dois cachorros, o meu com dezenove anos!!! Zeca um pode deficiente das duas patas traseiras,mas apesar disso corria e brincava que era uma maravilha!! Logo depois um pinscher o Tico que era da minha mãe e como ela faleceu ele ficou comigo, morreu com quatorze anos. É uma dor imensa !!! Fiquei de luto as duas vezes, tanto que ainda não tive coragem de ter outro e passar por tudo de novo!!! Mas a vontade é grande!!!
Janeisa Tomás
Oi Vera, é muito triste sim estas perdas. E pior é que a gente se acovarda e fica com medo de nossa própria dor. Pegue outro bichinho sim. Lembre do tempo que voc6e irá ganhar com a felicidade que ele irá lhe proporcionar em seu tempo de vida. Não podemos pensar no “depois”, temos que viver o tempo que eles irão nos dar. Beijos querida.
Patricia Almeida
Lindo texto, reflete todo o amor entre vocês, esse amor é eterno mas mesmo assim a dor é quase insuportável. Já passei por isso.
Quem realmente é importante e conhecia a relação de vocês com certeza não foi indiferente ao teu sofrimento, e quem não se sensibilizou com tua dor não deve ser relevante para ti. Nesses momentos difíceis percebemos quem verdadeiramente se solidariza com nosso luto. O Bóris não poderia ter uma família melhor, porque não lhe faltou amor, ele foi sim o gato mais feliz desse mundo. Ele sempre será insubstituível.
É tão forte essa perda que se não nos esforçarmos para superar esse momento, essa tristeza pode evoluir para uma depressão, mas você claramente está superando da melhor forma, que é após aquela tristeza devastadora, resgatar as lembranças boas e continuar a cuidar sempre com o máximo de amor quem está próximo seja gente ou animais e seguir a vida da melhor forma possível. Que o King seja muito feliz com vocês!
Janeisa Tomás
Obrigada Patrícia pelo carinho e pela disposição de me deixar uma mensagem de apoio e incentivo. Um animalzinho é sempre algo mais em nossas vidas. Eles são seres tão especiais que só nos dão amor sem pedir nada em troca e recebem de nós o sentimento mais verdadeiro que temos. E a gente só se dá conta disso depois de suas partidas. Um beijo grande!
Lucimara Barreto
Ontem meu amado Thorin faleceu. Meu cãozinho shihtzu, 6 anos e meio de idade que pareciam séculos ao meu lado, e depois também com meu marido. Ele sofreu por um ano e meio de câncer linfoma, não medimos esforços em todos os sentidos para cuidar e amar ele sempre, a cada minuto de sua vida e honrá-lo.
A dor física e mental não tem tamanho, ele faleceu no colo do meu marido ontem. Meu marido chegou e ele já estava partindo, e em poucos minutos a respiração parou e ele se foi.
Decidimos fazer um funeral para ele com velório e cremação, significando a sua vida e partida.
Estamos trabalhando, estudando e não caindo em lágrimas o tempo todo pela fé em Deus, porque é difícil demais segurar a dor da perda dele.
Sabemos que com o tempo a dor vira saudade mas ainda estamos na dor, no choque da perda.
Desejo um forte abraço e serenidade para quem passou por luto de um animalzinho seja recente ou não, porque o amor que temos por eles vai além da vida deles e da nossa.
Janeisa Tomás
Oi Lucimara, entendo bem este sentimento. É uma tristeza avassaladora e a gente sofre muito. Te digo querida, que até hoje choro pelo meu Boris. Tenho mais dois gatinhos depois que ele se foi, mas nenhum preencheu a lacuna que meu “nariz cor de rosa”deixou. Só tenho a te deixar estas palavras de consolo e te desejar força. Sinta-se abraçada querida!
Paty
Olá minha amiga. Como vc está hoje?
Sei que o post é antigo, mas espero que veja meu comentário. O Boris era filho único?
Eu tinha um anjo bom, chamado Manolo. Ele viveu comigo e minha gata Lola por 5 aninhos, tempo de vida dele. Foi muito sofrido, e ainda dói muito pq fazem só 15 dias. Estou procurando me curar e lendo artigos e histórias de como superar cheguei aqui.
Meu lindo anjo teve um tumor, que ocasionou numa anemia muito grave. Ele fez duas transfusões e não segurava, ficava muito fraco pouco depois. Da última vez ele segurou um pouco mais, mas ficou muito mal de um dia pra outro e enquanto esperávamos o resultado de um exame ele não resistiu. Foi muito triste, ele precisava de minha ajuda pra tudo no último mês. Era um gatinho falante e carinhoso.
Muita gente falou pra eu adotar outro animal pra fazer compania pra Lola,mas não me sinto pronta.
Os amigos falam pra seguir a vida. Mas só eu que choro no travesseiro sei o que estou passando. Entendi perfeitamente sua fala qdo dizem”é só um gato”… Só quem tem entende esse amor.
Gratidão por partilhar sua história.
Janeisa Tomás
Oi Paty, não é fácil este luto pelos nossos animais. Sabe que ontem (dia 03/11) o Facebook me mostrou uma lembrança e eu ainda me emocionei e chorei pelo meu Bóris. O Bóris tinha outro amigo, o Thor, que veio um mês antes dele. O Thor segue firme aqui em casa e é louco pelo meu filho. Em setembro ele fez 6 anos. Depois, em março de 2018, eu peguei mais dois gatinhos, o King e o Oliver. Adoro eles todos, mas como o Bóris, não existe.
Beijos e fique bem! Você foi um anjo na vida do Manolo.