Musa da Semana Nise Helena #9

Hoje temos mais um post de musa da semana #9. E é com muita alegria, admiração e emoção que apresento para vocês a nossa nona musa do blog! Musa da semana é uma das propostas que o blog tem em mostrar mulheres 50 em diante que nos inspiram com suas histórias de vida, estilo e  beleza. A musa da semana-modelo-inspiração de hoje é Nise Helena Tomasi. Mais um depoimento lindo e emocionante de uma mulher real!

Nise Helena

Nasci em Porto Alegre, no inverno de 1959, mais precisamente no dia 01 de julho. Única menina em meio a vários meninos do berçário.  Não sei se isto de alguma forma me influenciou, rsrsrs. Gostava de brincar com minhas bonecas, porém achava mais divertido andar de bicicleta na rua e jogar taco com os meninos no campinho. Desde cedo sempre fui muito independente.

Com três anos “fugi” de casa levando duas primas mais velhas comigo. Voltamos para casa num camburão da Brigada. No mesmo ano, fui com uma vizinha me matricular numa escola de ballet. Segundo minha mãe contava, tão logo consegui ficar de pé não podia ouvir música que ficava me sacolejando. Assim comecei a fazer ballet clássico por muitos anos até me formar.

Também sempre fui eclética.  Inúmeros interesses, intensa e fazia muitas coisas ao mesmo tempo. Tudo iniciativa minha, para desespero de meus pais!

Aos nove anos fui cantora de ópera.  Acredito ter sido a primeira montagem de Carmina Burana em Porto Alegre, com a Ospa, regência do maestro Pablo Komlós e bailarinos do teatro Colón.

Cedo também comecei a frequentar corridas no Tarumâ.  Meu dindo era piloto e eu embestei de ser fotógrafa da equipe, munida com minha super KodaK Rio 400! Ficava nos boxes em meio ao ronco dos motores e seguia Fórmula 1 pelo rádio, acompanhando o primeiro título mundial de Emerson Fittipaldi (1970).

Estudei no Colégio Americano do primário ao ginásio.  Praticamente com a mesma turma, amigas que mantenho até os dias de hoje. Depois fui para o Anchieta onde fiz o primeiro e segundo colegial. No terceiro fiz intercâmbio na Califórnia, na John Muir High School em Pasadena.

Apaixonada por esportes comecei a praticar ginástica rítmica chegando a seleção brasileira e disputando mundial na Inglaterra.

Desde pequena fui muito ligada ao meu pai e com ele ia sempre pescar.  Assim quando ele se associou ao Clube e Pesca Anzol de Ouro, eu tinha 8/9 anos, naturalmente também comecei a competir na pesca mas de uma maneira bem light. Somente mais tarde quando encerrei minha carreira de ginasta e árbitra de GR, me dediquei mais seriamente….

Fiz Comunicação Social na PUC e Letras na UFRGS, as duas faculdades juntas. Trabalhava e ainda matava aula para treinar ginástica. Após pendurar as sapatilhas entrei no judô, paraquedismo e box (antes de virar moda!)

Voltando ao judô, comecei a praticar na Sogipa, com 23 anos como opção de exercício. Iniciei em março, um mês depois fui vice-campeã metropolitana. Em julho, fui treinar com o clube em São Paulo, na Vila Sônia do lendário Sensei Massao Shinohara ( Com Aurélio Miguel e cia) e com a seleção brasileira. Nunca me jogaram tanto no chão, ooops no tatame! Voava tanto que no último dia, mal conseguia pisar no chão. Lá, fiquei chateada com uma menina da seleção brasileira, uma gaúcha e faixa marrom, que se negou a lutar comigo quando me apresentei para lutar com ela. Menosprezou minha faixa clarinha. Teve volta, em agosto, na minha primeira luta do campeonato estadual nos encontramos, ganhei dela e minha linda faixa amarela brilhou! Mais ainda quando fiz a final, ganhei de outra criatura que tinha me vencido meses antes dando uma enorme mordida no meu pulso.  Perdi porque reclamei furiosa para o árbitro e ele me puniu! Ganhei da cachorra louca e seis meses após ter iniciado a prática, me tornei Campeã Gaúcha, uma gloria!!!

Trabalhei por anos na empresa de meu pai até decidir sair e mudar o rumo da minha vida. Resolvi abrir uma agência de viagens. Fui estudar, fiz cursos e sem dinheiro para investir, vendi minha moto algumas jóias e assim comecei do zero…. até ir morar na Itália.

Voltando às competições de pesca, quando resolvi me dedicar mesmo, treinando enlouquecidamente, os resultados começaram a aparecer. Conquistei vários títulos estaduais, nacionais tanto individual como por equipe. Disputei sul americano, alguns mundiais, sou bi campeã mundial pesca (França e Portugal) sendo que no de Portugal capturei o maior peixe do mundial, um luxo!

Após o mundial da França fui convidada para participar de uma tradicional competição na Sardenha, Itália. Adorei a ideia, peguei meu equipamento e embarquei.  E lá entre 340 pescadores europeus conheci um italiano, que se tornaria meu marido.

Em 1997 fui morar em Livorno, na Toscana onde passei a participar das competições de pesca por toda Itália. Durante os períodos de inverno passeava na praia e recolhia conchas, areia e coisas que o mar jogava para fora. Comecei a fazer um trabalho usando estes materiais. Enchi a casa de quadros e peças que criava. Por indicação de uma amiga pintora acabei sendo convidada para expor na Assembleia Legislativa em Porto Alegre. Assim fiz minha primeira e única individual.

Depois de alguns anos que retornamos ao Brasil trabalhei com Propriedade Industrial.

Quando perdi meu pai fiquei muito abalada, ele era tudo para mim. Fomos morar com minha mãe. Depois de um tempo resolvi parar de trabalhar e me dedicar a ela. Conversei com meu marido, que me apoiou na decisão, ao que sou eternamente grata por ele ter me proporcionado a possibilidade de viver os últimos dois anos da vida dela fazendo quase tudo que ela queria.  Mimando, dando muito carinho, tomando espumante, reunindo minhas tias, amigas para um chá, alegrando o dia a dia. Retribuindo um pouco de tudo que ela fez por mim, até que inesperadamente um dia ela se foi e eu, fiquei com o coração partido….

Não compreendo como as pessoas se afastam dos pais no momento em que eles mais precisam de nós…

Mas, retomando, amo pipoca, camarão, pimenta e vinho. Sou um desastre na cozinha mas um espetáculo na faxina!

Não sou muito ligada em moda mas amo um salto alto, tenho quase certeza que já nasci com um. Queria ter 1,80 m, entretanto tenho 1,61 e meio, sim o meio faz muita diferença.

Durante séculos me vestia quase sempre de preto, acho que era meio dark. Já estou colorindo meu guarda-roupa, mas se bobear acabo sempre comprando peças pretas.

Não tenho preferência por marcas, gosto de garimpar coisas por onde estiver, passei, gostei, levei.

Prefiro praia à montanha, verão ao frio. Amo o cheiro da maresia, amo dar um bom mergulho e sentir meus cabelos molhados nas costas e quando estou no Mediterrâneo, não fico sem pegar o caiaque e remar.

O esporte me proporcionou viajar muito. Primeiro no estado, depois pelo Brasil e exterior. Meu trabalho também contribuiu muito para diversificar as viagens além, é claro, das de lazer.

Atualmente atuo em consultoria e passo períodos na Itália com meu marido que trabalha na direção do estabelecimento balneário da família dele.

Adoro pescar, principalmente quando se juntam minhas amigas pescadoras, é uma diversão só! Pena que agora a violência não nos permita ter esta liberdade de ficar numa praia tranquilamente.

Amo encontrar minha equipe de ginástica, convivemos durante muitos anos e passamos tantas coisas unidas.

Adoro estar com meus amigos.  A maioria de longuíssima data, adoro recordar momentos maravilhosos que vivi.  Em uma infância feliz e abençoada, adolescência um pouco atrapalhada como normalmente é, mas marcante em todos os sentidos.

Adoro viajar e conhecer pessoas, suas histórias, lugares e culturas diferentes. Ao mesmo tempo, valorizo as lembranças e os objetos antigos, sou praticamente um museu!

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Gente, que história de vida, que mulher incrível esta minha amiga! Quando li seu texto fiquei tomada de emoção e muito orgulhosa. Isso que ela nem falou que era da equipe de vôlei do Colégio Americano. A Nise é uma mulher poderosa. Tem uma inteligência corporal que merece um estudo de caso, tamanha capacidade atlética e tamanha dedicação. Muito obrigada minha amiga!

Muitas medalhas de ouro para a nossa musa da semana Nise Helena Tomasi!

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Direção e Fotografia: Epohke